Baseado numa história verdadeira, o caso de Michel é bastante conhecido
pelas pessoas que estudam exorcismo. Em 1976, a Igreja Católica
reconheceu que a jovem estudante alemã realmente estava possuída e
permitiu o exorcismo. Durante o processo, a garota morreu e o padre foi
levado a julgamento.
História Real de Annaliese Michel
Estávamos
em 1968, quando Anneliese, uma jovem católica, teve um estranho ataque.
Paralisada e com tremores, ela foi incapaz de pedir ajuda às suas três
irmãs e aos pais (Josef e Anna). Um neurologista da clínica psiquiátrica
de Würzburg diagnosticou-lhe Epilepsia do tipo “Grande Mal”, um
conceito ultrapassado no meio da comunidade científica, que em vez de
separar a doença em “Grande Mal” e “Pequeno Mal” divide-a em crises
parciais e crises generalizadas.
Após uma longa estadia no Hospital,
ela começa a ter visões demoníacas enquanto reza. No final de 1970,
Anneliese regressa à escola e começa a crer que está possuída. As coisas
pioram quando ela começa a ouvir vozes que lhe dizem que vai arder no
inferno. As depressões aumentam e Anneliese sente-se cada vez mais
afastada da medicina, incapaz de lhe resolver a sua questão.
Em 1973,
os seus pais pedem à Igreja por um Exorcismo. A Igreja Católica rejeita
e recomenda que ela continue a tomar a medicação que os médicos lhe
prescreveram.
Na sua doutrina, a Igreja define o exorcismo como sendo
um rito sagrado destinado a expulsar o demônio dos possessos ou a
subtrair pessoas e coisas (habitações, por ex.) às influências
demoníacas. A cerimônia seguida é antiquíssima, contendo alguns
formulários que têm origem antes do séc.X. Os exorcismos, que ainda se
efectuam nos dias de hoje, seguem as normas estabelecidas pelo título
XII do Ritual Romano, o qual, por sua vez, reproduz o ritual de Paulo V
(1614), posteriormente revisto pelo papa Bento XIV (1744).
Após o
concílio Vaticano II (anos 60 do séc XX), a Igreja começou a revelar
grande reserva relativamente à possessão demoníaca, à medida que a
ciência moderna veio demonstrar que a maioria das pessoas, ditas
possessas, mais não eram do que pacientes do foro neurológico e/ou
psiquiátrico.
É assim necessário um extenso conjunto de sintomas para que a Igreja Católica considere uma pessoa possuída (Infestatio).
Mas,
os pais de Anneliese não desistiram e através de Ernst Alt, o pastor
encarregue do caso, voltaram a formular o pedido. Novamente rejeitados,
eles decidem que Anneliese deveria assumir uma vida ainda mais religiosa
de forma a tentar expulsar o mal.
Mas os ataques continuam e na casa
dos seus pais, Anneliese insulta, bate e morde os membros da família.
Ela não se alimenta normalmente e dorme no chão. Começa a comer moscas,
aranhas e carvão. Chega a beber urina.
Paralelamente ela destrói crucifixos, imagens de Jesus e rosários. A auto-mutilação torna-se prática corrente.
Em
Setembro de 1975, a Igreja Católica finalmente acede ao pedido familiar
e designa o padre Arnold Renz e o pastor Ernst Alt para efectuarem o
exorcismo. Lucifer, Judas Iscariot, Nero, Cain, Hitler e Fleischmann são
algumas das figuras que através dela se manifestaram. De Setembro de
1975 a Julho de 1976 foram mantidas naquela casa 2 sessões de exorcismo
semanal. Por vezes, os seus ataques eram tão fortes que eram necessários
3 homens para a agarrar. Entre essas sessões, houve períodos em que
Anneliese acalmou e pôde fazer a sua vida normal, ir à escola, etc.
Mas
os ataques não param e durante 6 meses ela recusa-se a alimentar-se. O
exorcismo prossegue, estando registados em aúdio mais de 40 cassetes com
os eventos.
A 30 de Junho de 1976, os exorcismos param. Ela agora
sofre de pneumonia. Ela morre no dia 1 de Julho, usando como últimas
palavras Beg for Absolution (implora pela absolvição). As autoridades de
Aschaffenburg são informadas e começam as investigações.
Um pouco
antes dos eventos ocorrerem, tinha estreado nos cinemas “The Exorcist”, o
clássico de William Friedkin. O mundo viveu alguns períodos de histeria
e por todo o lado os psiquiatras foram confrontados com doentes que
afirmavam estar possuídos.
Para as autoridades, este caso era
descendente dessa paranóia. Apesar de bizarro, o caso foi levado a
tribunal passado dois anos.
”Klingenberg Case”, como era conhecido,
tinha como réus os dois padres e a mãe de Anneliese Michel. A acusação
era simples: homicídio por negligência. A causa de morte de Anneliese
foi fome e as autoridades afirmaram que caso a jovem fosse alimentada à
força, a sua morte teria sido evitada.
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